quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

De línguas bífidas e demais gentalha

Vou ir direto ao assunto. As cousas claras: bilinguismo significa dar a oportunidade de falar em duas línguas, não de escolher entre duas línguas para estudar. Quer dizer, eu podo ser considerado bilíngue por ter plena competência em galego e castelhano (embora o sistema educativo fizesse tudo o possível por evitar que adquirisse competências na primeira), assim como me podo defender nalguma outra. Podo escolher a língua para me comunicar, ergo sou bilíngue. O que propõem certos mal-nascidos é uma espécie de segregação por razão de língua, amparando-se no direito à ignorância que ninguém conhecia dantes e que ninguém pediu jamais. Esses são pailães mesmo, e não os galegos que vão à leira.

A gentalha esta pretende que os seus filhos tenham o mínimo contato com a língua do nosso país (que, por certo, em muitos casos é a língua dos avós ou dos pais das crianças que dizem proteger), como se fosse uma espécie de sarna que lhes proi e pode gerar tumores cerebrais ou qualquer cousa assim. Amparam-se no direito dos pais a escolher a língua em que os filhos vão ser escolarizados, quando isso é um absurdo desde a própria concepção do Estado moderno: o Estado garante uma educação aos teus filhos. Pronto. O método é que se pode discutir, mas os resultados estão aí: os sistemas de imersão linguística podem presumir das melhores qualificações em língua castelhana, embora não dêm atingido umas competências aceitáveis na língua veicular. Quer dizer, a língua protegida, a pesar de tudo, continua sem ser ensinada de maneira ajeitada, enquanto o sistema tão atacado da imersão garante umas competências ótimas na língua dominante. E ainda têm os santos colhões de protestar...



Nestes casos é quando um começa a conhecer os seus vizinhos. Fiquei gratamente surpreso pola reação do José Manuel Pinheiro (alias Superpinheiro) e dos seus colaboradores do programa de bisbilhotices que apresenta na telegaita. Todos, desde a senhora mais velha até a rapaza mais nova -neofalante, olho!-, estiveram de acordo nas absolutas mentiras, manipulações, e tergiversações desses hipócritas, assim como em denunciar que, antes ao contrário, é o galego o único dos dous idiomas com problemas de saúde.

A grande manipulação, ultimamente, consiste em repetir uma espécie de dogma de fé: as línguas não têm direitos. Apenas as pessoas são sujeitos de direito. Amigo! Aí está o problema: quando as cousas vão como eles querem, saltam com a proteção e promoção da língua castelhana; agora que já podem não ir tão bem, inventam a parvoíce essa e desde todos os meios podres de desinformação repetem a mesma estupidez. Mas esquecedes uma cousa...

As línguas não são sujeito de direito, mas os povos são. Precisamente a ONU reconheceu os direitos dos povos para evitar agressões de energúmenos como vós. E aqui é onde vem todo o miolo do assunto: as línguas são património dos povos, e o povo galego tem uma língua de seu, portanto faz parte do seu património cultural e histórico. E o património cultural, amiguinhos, há que conservá-lo por um feixe de razões abstratas, e não só. No caso galego, há que conservar a nossa língua porque nos abre as portas do mundo lusófono, batalhas românticas aparte.

E como se conserva uma língua continuamente em perigo? Fazendo-a língua veicular do ensino. Especialmente no caso em que o rapaz não fala galego na casa, porque terá mesmo mais dificuldades que o resto de aprender numas poucas horas letivas à semana. E isso porquê? Porque, na Galiza de hoje, uma criança que não fala galego na casa nem na escola, não fala galego! E isto é assim pola força da evidência, porque o entorno é esmagadormente aculturizador e castelhanizante. Porque uma boa parte dos pais deixa a educação dos filhos em mãos de trebelhos eletrónicos, ora televisores, ora computadores. É uma irresponsabilidade, mas é assim. E estes aparelhos estão em castelhano 99% das vezes. Os seus conteúdos sempre em castelhano, a publicidade sempre em castelhano, a imprensa, rádio e televisão...

E quando chegarem a adultos? Ai deles se são lusófonos... Não poderão pagar os seus impostos em galego, não poderão casar, deixar testamento, discutir com tele-operadores, aceder às grandes obras da literatura, da música... Mas isso é outro tema...

De momento fico com a foto do máximo exponente de hipocrisia. Este indivíduo que, depois de ignorar a proteção policial (que estava aí para o proteger, a ele), foi bater num rapaz que o estava a provocar. Resultado? Um olho como uma batata, e uma foto de vítima em todos os periódicos e meios de desinformação. Que fique uma cousa clara: o rapaz foi um provocador, evidentemente, mas o velho é um filho da puta e um hipócrita: foi na procura duma agressão e a agressão veu-lhe de volta. Que se foda!

A prova dos factos: aqui.



1 comentário:

Luis González Varela (Luis Celeiro) disse...

Facia moito tempo que non escrevias nada.

Da gusto volver por estes lares.

Ainda que os comisarios me miren con mala cala estou dacordo contigo.