quarta-feira, 21 de maio de 2008

Instrumentos de ação

O mundo está em crise. Em geral, os movimentos de esquerda estão a passar por uma má época. A crítica interna é cada vez pior vista, cada vez causa mais moléstia nas filas de determinados sectores cómodos com uma heterodoxia descerebrada e afeita aos silêncios cúmplices. O honor, a boa fé, as ideias claras e transparentes ficam cada dia que se passa mais obsoletas num cenário em que os "pessoeiros" não têm entre os seus objectivos atingir determinados fins para os colectivos que defendem, mas fazer méritos dentro de organizações externas. Os traidores de hoje serão os governantes de amanhã. E amanhã chamarão traidores os traídos, na sua particular visão esquizofrénica das cousas. Tentarão convencer-nos da sua honestidade para com a causa e farão com pensarmos que a crítica construtiva destroi, enquanto o silêncio dos seus cujos, dos seus bezerros e novelas domados e castrados, da conivência mais desonrosa e vomitiva, é a verdadeira, única e mais certa visão e forma de fazer bem pola Pátria. Só lhes fica falar nos Foros e nalgum deus.

Esta crise não esquece essas massas que habitamos os frios edifícios das Universidades, nós, carentes hoje em aparência de ideais e objectivos. Alguns confundem quem somos e quê somos, porque, por definição, não temos patrão, não percebemos um salário, e os únicos interessados na nossa assistência às aulas somos nós (conceições românticas aparte). A nossa ausência em massa, mesmo bem feita, não prejudica nenhum magnate capitalista, nenhum personagem que se lucre com o nosso esforço. Afecta é a nós próprios, sem mais leituras revolucionárias possíveis.

Não obstante, continuamos tendo capacidade de ação voluntária. Podemos entrar e sair das aulas quando tenhamos vontade. Podemos concentrar-nos e exercer pressão. Falarmos em voz alta e fazermos muito ruído. Demonstrar a verdadeira força reduzindo as consequências negativas -para nós- que podam ter os nosso atos.

Uma organização, se política, deve saber contar com outras sensibilidades, deve tentar sempre juntar-se com outras em que esteja de acordo no máximo possível. Numa concetração, e em geral em qualquer ação, a união sempre se traduz em força, em capacidade de cambiar as cousas, de criar. Mas um dos problemas graves consiste em confundir, querendo ou sem querer, os meios e os fins. Uma organização universitária existe para atingir determinados objectivos. Carece de razão de ser sem eles. É possível, porém, misturá-los para obter poder pessoal, quer na própria organização, quer noutra externa; fazer méritos, também dentro ou fora; subverter o verdadeiro significado dos fins e desviar a atenção, fazendo fúteis os esforços. Vender como êxitos os fracassos converte-se em praxe habitual, cousa contraproducente onde as haja, visto que danifica as verdadeiros sucessos restando credibilidade à organização.

Que razão pode haver para fazer inúteis as energias de tantas pessoas? Controlo. Simplesmente isso. Controlo.

Convocar manifestações inúteis ou greves absurdas que ninguém secunda, dificultar a transmissão de correntes críticas de pensamento, agir como se o trabalho dentro de tal ou qual organização fosse o único caminho possível, cambiar tudo para não cambiar nada... São cousas que servem para ter controlado o gado, para poder dirigi-lo em função duns interesses particulares sob pretextos nobres. Deste jeito é totalmente anulada a crítica e a capacidade real de agir, dando a impressão de fazer quando realmente não é feito. Também fica à disposição dos interesses um exército particular de revolucionários sempre que alguém não se cingir à Vera Palavra.

Recomendo o visionado do seguinte documental que, à espera da publicação da totalidade das fontes, promete ser uma das grandes revelações no que se refere ao controlo social.

Zeitgeist, página oficial.

4 comentários:

Luis González Varela (Luis Celeiro) disse...

Pedíchesme unha crítica, máis como criticar unhas palabras coas que concordo, e máis, coas que me sinto indentificado a título perssoal.

Non podo dicer que eu os escrevería asim, máis as ideas son as mesmas. Eu profundizaría máis na organizaçon dos estudantes e nas súas acciçons.

Perdoa a ortografía ou a ausencia dela, posto que aínda non estou afeito. É posibel que dentro de pouco tempo seja capaz de escrever bem.

Unknown disse...

Concordo convosco em que a situaçom que se vive na universidade nom está como para celebra-lo. Pasamos por malos tempos em quanto à política se refere grazas em parte, como bem dis, a certos pessoeiros com um grande discurso, mas o qual fica unicamente nisso (em palavras sem contido).
Como sei bem que isto está centrado em o que está pois nom faría umha apresentaçom tam abstracta a respeito da situaçom da esquerda, para centrarme diretamente no movimento estudantil (mas isto é umha valoraçom pessoal, o texto está muito bem)

(também vai escrito com présa assim que perdoe vosé as gralhas jejeje)
Saúde.

Adrião Morão disse...

Obrigado polos comentários. Já cambiei a introdução e o passo da política geral ao mundo estudantil não é tão brusco.

Um abraço.

Tuñón disse...

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